Se alguém imagina ser capaz de fazer qualquer coisa boa com sua própria força, no mínimo faz de Cristo o Senhor um mentiroso.
— Martinho Lutero, On Faith and Coming to Christ [Sobre a fé e o vir a Cristo]
“PAM PAM PAM! “Você consegue imaginar o som do martelo de Martinho Lutero pregando suas Noventa e Cinco Teses à porta da Igreja de Todos os Santos em Wittenberg? Em 31 de outubro de 1517, esse frade radical alemão fez exatamente isso, iniciando desta forma os acontecimentos que seriam conhecidos como a Reforma Protestante.
Enquanto Lutero tinha muitas objeções contra os ensinamentos correntes da igreja Católica Romana, um dos principais pontos de divergência era a questão da justificação pela fé somente. A igreja Católica ensinava que, embora a salvação fosse apenas através da graça de Deus, essa graça só poderia ser recebida através da mediação da Igreja e que pode, de fato deve, envolver a cooperação humana com a ação divina de modo que a salvação pode ser obtida em parte com o perdão dos pecados e em parte com as próprias ações do indivíduo. Isto contradiz o argumento radical de Lutero alcançado através de estudos exaustivos de Romanos, Gálatas e Hebreus onde é dito que a salvação requer apenas fé em Jesus.
Essa é a ideia que provocou as controvérsias, equívocos e questões, desde os dias de Martinho Lutero. Em 2013, foi conduzida uma pesquisa sob a direção do Departamento de Arquivos, Estatísticas e Pesquisa da Associação Geral que envolveu membros da igreja ao redor do mundo.
O estudo foi planejado para avaliar as experiências e atitudes dos membros da igreja em relação a diferentes aspectos da vida espiritual e pessoal, e participação na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Perguntou-se a membros de todo o mundo a respeito da compreensão pessoal que tinham da salvação; foi pedido a eles que respondessem à seguinte afirmação: “Eu sou salvo no momento em que eu creio em Jesus e aceito o que Ele fez por mim“.
Mais de três quartos (78%) dos membros da igreja mundial concordaram fortemente com esta afirmação. Ademais, catorze por cento dos entrevistados indicaram que concordavam mais discordavam com esta afirmação. Porcentagens muito pequenas expressaram discordância, com (4%) respondendo que discordavam mais do que concordavam, e outros 4% discordaram fortemente.
Os membros da Igreja adventista do sétimo dia também foram questionados sobre sua crença na afirmação: “O cristianismo diz respeito a Jesus me concedendo poder para vencer o pecado em minha vida”. Mundialmente, quase três de cada quatro membros (74%) responderam que “concordavam fortemente” com essa afirmação, enquanto que 18% adicionais indicaram que “concordavam mais do que não concordavam”. Uma pequena porcentagem (9%) disseram que discordavam.
Outra questão colocada aos membros da igreja foi sua crença nesta afirmação: “Relacionamento com Jesus é importante, mas não irei ao céu, a menos que eu obedeça a lei de Deus.” Dois de cada três entrevistados (66%) indicaram que concordavam fortemente com esta afirmação—um número preocupante, já que vai diretamente contra os ensinamentos que Lutero rejeitou.” Outros 16% dos membros disseram que concordavam mais do que discordavam com a declaração. Apenas cerca de um em cada dez (11%) discordou da afirmação. Isso sugere que existe um grau de confusão entre os adventistas quanto ao papel exato e supremo da fé na salvação e no papel da lei na vida cristã.
É tão fácil escorregar para a crença de que nossas obras podem nos dar direito à salvação, ou que podemos fazer algo mais para “merecer” o favor de Deus. Para alguns, eles até se consolam em pensar que podem fazer algo mais para ganhar o favor de Deus—claramente esquecendo-se da condição em que o pecado nos deixou! É vital que lembremos—e ensinemos a outros—que, no final, é apenas através do dom da salvação e através da morte de Cristo na cruz que somos salvos.