Em um blog anterior, examinamos um fenômeno dentro da Igreja Adventista conhecido como “síndrome do esvaziamento do balde”, onde membros da igreja, particularmente os jovens – estão abandonando a Igreja Adventista em números preocupantes. Em 2014 o departamento de Arquivos, Estatísticas e Pesquisa da GC apresentou um relatório por título “Abandonando a Igreja” onde examinou diferentes elementos relacionados com ex-adventistas e sua saída da Igreja. De acordo com este estudo, quase dois terços (63,5%) dos entrevistados deixaram a igreja na juventude.
O que pode ser feito com essa tendência alarmante?
Uma solução pode ser a implementação do mentoramento espiritual. Em seu livro “Por que nossos adolescentes abandonam a Igreja” [Why Our Teenagers Leave the Church], Roger Dudley sugere que a razão pela qual os jovens adventistas deixam a Igreja não é primariamente doutrinal, mas sim relacional (Dudley, 2000, p. 99). Parece que os jovens adventistas estão buscando relacionamentos significativos, especificamente com mentores espirituais que são capazes de viver sua fé, assim como guiar a próxima geração em sua caminhada cristã.
O escritor Autor D. J. Tanner (2011)((Tanner, D. J. (2011). Mentoring moment: 10 benefits of having a spiritual mentor. Biblical Patterns for the Christian. Retrieved from https://biblicalpatterns.wordpress.com/2011/10/28/mentoring-moment-10-benefits-of-having-a-spiritual-mentor/)) enumera dez vantagens em ter um mentor espiritual. Ele sugeriu que um mentor pode:
- Tornar-se um apoiador compreensivo
- Tornar-se um modelo
- Envolver-se em um relacionamento que promova o crescimento espiritual
- Fornecer maior responsabilidade
- Ser uma fonte de encorajamento
- Ser um ajudante em tempos de crise
- Ajudar o individuo acompanhado a estabelecer e atingir metas
- Prover orientação para decisões importantes na vida
- Ter um impacto em outras áreas da vida
- Criar a oportunidade de retribuir.
Em seu capítulo intitulado “ Transmissão da Fé e Mentoramento: O Maior Desejo da Igreja” no livro “Um Novo Olhar na Pesquisa Denominacional: Objetivo, Impacto e Escopo [A Fresh Look at Denominational Research: Role, Impact, & Scope], Kelvin Onongha” descreve um estudo realizado entre vários líderes das três regiões da África— Divisão Africana Centro-Oriental, Divisão Sul-Africana do Oceano Índico e Divisão Africana Centro-Ocidental. (Todos esses líderes faziam parte de um grupo de Doutorado em Ministério.) Uma pesquisa foi aplicada a esses líderes, e as principais perguntas que este estudo procurou responder foram:
- O mentoramento desempenha um papel significativo no discipulado?
- A transmissão da fé é promovida através do mentoramento?
Todos os entrevistados—não importando a região de onde eram ou a posição de liderança—indicaram que o mentoramento é muito necessário na Igreja Adventista. Todos os entrevistados também concordaram ou concordaram fortemente que o mentoramento de outras pessoas contribui para a transmissão da fé na Igreja. Os entrevistados também concordaram que o mentoramento é vital para o discipulado.
A relação mentor e o individuo mentorado não é, contudo, uma via de mão única. Onongha também escreve em seu capítulo: “Enquanto [o relacionamento de mentores] ajuda os mentorados a crescerem em áreas necessárias de suas vidas, também ajuda a fortalecer e reafirmar a experiência de fé do mentor.
O relacionamento mentor-mentorado é de dar e receber. Os mentores devem ter tempo e energia para investir em um relacionamento; a capacidade de ser objetivo e ponderado; fortes habilidades de comunicação, o que inclui ser um bom ouvinte; o dom de dar bons conselhos; a capacidade de se relacionar com a vida do aprendiz; e o dom de falar a verdade – mesmo quando é difícil.
Os indivíduos mentorados, por outro lado, devem estar dispostos a tomar as medidas necessárias para o crescimento em sua vida espiritual e devem estar comprometidos em fazer mudanças. Enquanto o mentor assume os papéis de professor, o mentorado torna-se o aluno. Isso requer humildade e abertura ao aprendizado por parte do mentorado.
No entanto, nem todo relacionamento de mentoramento é espiritual. Onongha escreve: “Para que o mentoramento espiritual resulte em transmissão da fé, o relacionamento deve ser baseado em certos elementos essenciais entre as duas partes.” Ele sugere que esses fatores incluem comunicação aberta e profunda, responsabilidade, reciprocidade, vinculação entre mentor e mentorados, e análise ponderada da relação de mentoramento (Kuhl, 2017). É claro que manter Cristo no centro do relacionamento também é essencial!
Se, como igreja, estamos comprometidos em parar o vazamento do balde e desejamos tornar nossa igreja um lugar onde os jovens se sintam acolhidos e integrados, os relacionamentos de mentorias são um ótimo lugar para começar.