Ao trabalhar onde já há alguns na fé, o ministro deve, a princípio, procurar não tanto converter os descrentes, mas treinar os membros da igreja para uma cooperação aceitável. Que ele trabalhe por eles individualmente, esforçando-se para despertá-los a buscar uma experiência mais profunda por si mesmos e a trabalhar por outros. Quando eles estiverem preparados para sustentar o ministro por meio de suas orações e trabalhos, seus esforços serão mais bem-sucedidos. (E. G. White, Obreiros Evangélicos p. 196)
Em 2021, René Drumm e Petr Činčala realizaram um estudo com o objetivo de entender por que os pastores que deixam o ministério pastoral na Igreja Adventista optam por isso. Como pouco se sabia sobre o motivo pelo qual os pastores decidem deixar de ser pastores, os administradores e líderes da Igreja tiveram dificuldade em fazer planos para lidar com essa questão. O estudo reuniu informações de 14 ex-pastores que haviam deixado voluntariamente o ministério pastoral.
Os pesquisadores perguntaram aos ex-pastores sobre as condições que levaram à decisão de deixar o ministério pastoral. Algumas das questões mais comuns incluíam desafios contínuos com a liderança da Associação e com os membros da igreja, dificuldade com a estrutura organizacional da Igreja Adventista e com as abordagens tradicionais do ministério pastoral, dúvidas espirituais e diferenças doutrinárias e falta de treinamento adequado para fazer seu trabalho corretamente. Este blog aborda a primeira dessas questões.
Desafios Contínuos Com os Membros da Igreja e a Liderança da Associação
Sempre há desafios quando grupos de pessoas interagem uns com os outros, mas os participantes do estudo fizeram uma distinção entre esses desafios e o desrespeito persistente, as disputas de poder ou os membros que não querem assumir nenhum dos compromissos da liderança.
“O que era desafiador eram os membros muito difíceis da igreja. Pessoas que simplesmente tornavam sua vida miserável. Pessoas que falavam de você. Pessoas que criavam informações falsas sobre você e as divulgavam para outras pessoas.” (Ralph)
“Acho que alguns dos desafios foram a falta de pertencimento ou de envolvimento dos membros. Membros que tinham uma abordagem de não fazer nada, do tipo “Não quero liderar. Eu sou quero participar. Eu realmente não quero fazer nada. Eu só quero assistir”. E era muito cansativo ter de motivar pessoas que simplesmente não queriam ser motivadas.” (Finn)
Além disso, os ex-pastores confidenciaram que suas experiências com os líderes da Associação muitas vezes pareciam inexistentes, negativas ou injustas.
“Senti a pressão da liderança a nível de Associação para aumentar as metas, atender às exigências do dízimo, fazer essas coisas. E internalizei grande parte dessa pressão. Era quase como se você estivesse sendo espremido porque estava sendo pressionado e deveria passar isto adiante.” (Finn)
“Vimos que aqueles que não eram apreciados, ou que não tinham a melhor reputação, não estavam sendo tratados de forma justa… Soube que alguns eram enviados para áreas remotas, porque a administração não gostava deles. Ou, que esse cara estava sendo transferido porque precisava aprender uma lição.” (Silas)
Falta de Cuidado por Parte da Administração e dos Membros da Igreja
Além do conflito real, os participantes do estudo sentiram que seus administradores e/ou membros da igreja não entendiam ou não se importavam com seu bem-estar, e ficaram magoados com a falta de contato com os líderes da igreja antes e depois de terem deixado o ministério pastoral.
“O desafio que tive foi a falta de apoio e cuidado com os pastores. É quase como se eu fosse um mercenário – você vai, traz o soldado e traz o dinheiro. Desde que eu faça isso, tudo está bem, mas, fora isso, quando você pede ajuda, não há nenhuma. Até o momento em que pedi demissão, houve muito pouca comunicação.” (Milo)
“Alguém me liga? Perdi meu casamento. Perdi minha carreira. Alguém liga para mim? Não. Por quê? Porque acho que, no final das contas, há uma cultura no adventismo que gera inautenticidade.” (Ezra)
Apoio e Defesa Proativa
Quando perguntados sobre o que poderia ter ajudado a mantê-los no ministério pastoral, houve uma sensação generalizada de que eles estavam sozinhos na resolução de problemas no ministério pastoral. Além disso, eles frequentemente sentiam que, em situações de conflito, a Associação tendia a ficar do lado dos membros da igreja em vez de ficar do lado dos pastores. Eles sentiam que havia uma falta de construção proativa de relacionamentos por parte da liderança da Associação, que se tornava óbvia quando os pastores pediam ajuda e eram ignorados ou dispensados.
Conclusão
A equipe de pesquisa do estudo recomendou que fosse desenvolvido um sistema de liderança na Igreja que apoiasse e defendesse proativamente não apenas a saúde e o bem-estar dos pastores, mas também de suas famílias. Nossa distinta Teologia Adventista do Sétimo Dia enfatiza a integralidade e a saúde, mas a maioria dos pastores não está se engajando nos princípios mais básicos de autocuidado, cuidado emocional e cuidado espiritual. Eles também sugeriram que a administração criasse melhores práticas para os administradores da Associação e fornecesse treinamento abrangente nesse modelo de liderança.
Ao analisar os resultados dessa pesquisa, ficou evidente que esses ex-pastores se sentiam sozinhos, sem o apoio de outros. Precisamos reconhecer que estas são as opiniões dos participantes do estudo, portanto, não podem ser generalizadas às experiências de todos os pastores. No entanto, as descobertas são significativas e não devem ser ignoradas. A declaração de Ellen White citada acima afirma que o maior sucesso no ministério será alcançado por meio do apoio dos membros da igreja. É necessário não apenas suas orações, mas também seu envolvimento nos ministérios da igreja.
Como você pode apoiar seu pastor? O que você pode fazer em sua igreja local?
Para obter mais resultados de pesquisas sobre apoio pastoral, leia nossos blogs publicados anteriormente:
Criado em colaboração com o Instituto de Ministério da Igreja.
Publicado pela ASTR em 22/11/23.
Referências
Petr Činčala e Rene Drumm. Former Seventh-day Adventist Pastors: Relatório de Estudo Qualitativo. 2021.